Exposição : “Convergências” 22 de Outubro 2015

CONVERGÊNCIAS

Por definição meteorológica, “zona de convergência” é uma zona do globo onde duas ou mais correntes de ar confluem e interagem”.

Uma dessas zonas, a Intertropical, ocupa geograficamente toda uma faixa do globo terrestre situada entre os trópicos de Câncer e de Capricórneo com o Equador como linha equidistante e de referência. Circundando toda a Terra, é onde os ventos alíseos do hemisfério norte se encontram com os do hemisfério sul, formando uma faixa de massas irregulares, de ar de baixa pressão ascendente, correntes de ar quente e húmido que confluem nessa região do planeta.

Do ponto de vista humano e criativo é também ela uma região do globo em permanente ebulição, e, com a Globalização, uma imensa Zona Tórrida, outra sua designação, onde se fundem culturas e tendências, num cadinho criativo permanentemente mantido a uma temperatura constante, com chuvas frequentes, e, assim, tão exuberante como as suas florestas nativas e paraísos ainda intocáveis, ou em concentrado crescendo sob a forma de gigantescos aglomerados de betão.

Quem traçar uma rota de viagem de Lisboa para além dos trópicos, ou à sua latitude, tem pois de contar com esta zona de instabilidade, de grandes ventos, perigosas e poderosas formações nebulosas ou com iguais e prolongadas calmarias.

Essas viagens rumo a Sul, e o seu inverso, continuam hoje a ser cumpridas diária e replicadamente pela aviação comercial, embora o imaginário que perdure no nosso espírito de marinheiros com um pé na terra sejam as partidas românticas por mar, desde o Tejo, vindo a desaguar na costa próxima de África, para cá e para lá do Amazonas, de outros rios mais ao sul da América, ou até aos que se diluem noutros oceanos como o Índico, ou mesmo, na latitude oposta, mergulhando no Pacífico.

É o olhar sobre uma viagem imaginária e errante, porém não menos real, que partilho com imagens actuais na maioria, mas indo em alguns casos pontuais até mais atrás, ao “tempo do analógico”, em busca de mutações, que nalguns casos têm tanto de fulgurante como de efémeras, tal como os ciclos económicos impostos ou os regimes instalados naqueles países.

É, portanto, uma viagem no espaço e no tempo. Mas as imagens aqui presentes podiam ter sido recolhidas num só dia . Os contrastes e as realidades do presente, redundantemente reais e actuais, são cada cada vez mais permanentes, cavados e extremados, bastando por vezes percorrer por terra escassos quilómetros para nos transportarmos do marasmo absoluto ao turbilhão da mais avassaladora e perfeita das tempestades.

E não é só em termos climáticos que vamos incrementando esses fenómenos num sistema que é dinâmico e composto por pequenos detalhes mas que se potencia no bater de asas de uma borboleta.

Luís Pereira, Outubro de 2015

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